quinta-feira, 20 de maio de 2010

Éfemeras e estranhas afinidades a Partilhar...

"Só começamos a envelhecer quando nos apercebemos e aí aparece uma dor fininha, surda-muda. Não contamos logo a alguém, porque ainda somos novas, é ridículo. Além disso,foi tudo de repente, é a primeira vez que sentimos, há uma hipótese de ser mentira e ainda ontem queríamos parecer mais velhas.
(...)a grande chatice que me aconteceu foi o desaparecimento de outras partes minhas. Foi-se embora aquela parte de eu me rir por tudo e por nada, de não me importar de perder uma manhã a beber café com uma amiga, de acreditar que tudo é possível, que consigo tudo e que se me empenhar posso enfeitiçar todas as pessoas. E juro, dantes não se tratava de uma ilusão, a minha crença era tão natural que eu enfeitiçava quem quisesse, conseguia o que queria e, do ponto de vista que me apetecia, tudo tinha muita graça. (...) O tempo é muito arrogante e fez tudo sem um pio.
(...) Tenho borbulhas e já não tenho idade para borbulhas. Tenho ciática e ainda não tenho idade para ciática. Sinto-me tão nova mas já não sou nada especial de nova. (...) Tudo isto vem logo agora...No exacto momento em que eu me descobria, em que começava a perceber quem sou, a gostar um bocadinho de quem sou e finalmente a ter a coragem por me decidir a ser e a largar de uma vez por todas a porcaria das inseguranças (...) "



Extractos de um artigo da Revista Única (06.03.10) por Marta Gautier - 33 anos

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